Essa idosa de 74 anos, sem filhos ou parentes, foi encontrada nesta quinta-feira, no comecinho da manhã em Anápolis-GO, por agentes da Delegacia do Idoso.

Em surto psiquiátrico, ela foi levada para um hospital psiquiátrico de viatura, porque não conseguimos falar no órgão de resgate. Não foi aceita neste hospital porque sua condição clínica foi considerada mais preocupante. Transferida para a UPA, não queriam atende-la porque sua condição psiquiátrica era mais evidente.

Lá não seria o lugar para ela. Depois de alguns exames, que só foram feitos devido à intercessão de uma secretária municipal, com resultados tranquilizantes, ela foi levada novamente de viatura policial para o Hospital psiquiátrico, onde foi novamente recusada porque o corpo clínico não concordou com a retirada da UPA e exigia mais exames.

Ela novamente voltou para a UPA, onde não sabem o que fazer, onde colocar e como tratá-la. Os profissionais de saúde que lá estavam não tinham a empatia ou o conhecimento para tratar o caso. 24 horas depois, seu destino ainda é incerto. E ela corre o risco de ser mais um, de milhares de pacientes psiquiátricos, que amargam o inferno que é padecer de uma doença psiquiátrica em cidades que não se prepararam para esta pandemia.

Com um delegado de polícia, uma secretaria municipal, uma assistente social e agentes policiais envolvidos, ainda não conseguimos resolver o problema. Imagina a população desamparada, os doentes que não têm ninguém para interceder.

A saúde mental é inacessível. Ponto!!!! Reconhecer este problema é o primeiro passo para trazer dignidade à pessoas que estão vivendo o inferno dentro da bolha de negacionismo de toda uma sociedade: incluindo eu, você, nossas igrejas e nossos representantes.

A maioria dos pacientes psiquiátricos já são conhecidos dos órgãos públicos. Já passaram pela rede. E seguem sem nenhum ou quase nenhum suporte, Perambulando pelas ruas, sem energia e água em casa, traumantizando parentes, vagando a ermo em um sistema sem destino. Como órfao de uma doença psiquiátrica, somo coro ao pedido de socorro pela reestruturação deste protocolo.